No comportamento convencional, o indivíduo forrado
de propósitos de triunfo existencial, entrega-se ao labor
de preparar-se-se para os empreendimentos a que se arroja.
Estuda com afinco, porque aspira a glória que exorna a
personalidade com os louros da exaltação.
Enfrenta obstáculos, que derruba com estridor.
Descobre adversários e competidores que o ameaçam e
envida esforços para derrotá-los. Quando apaixonado,
entrega-se a batalhas intérminas, esfalfando-se por impor
as suas idéias e anseios mesmo que a prejuízo dos demais.
Conseguida a meta, entrega-se ao deleite, ao prazer do ego,
sem qualquer sentimento de pesar pela forma como alcançou destaque.
Tendo em mente o seu objetivo, mesmo que seja portador de
caráter agradável, a visão materialista não Ihe permite
compreender que os meios utilizados não foram os mais corretos.
Saulo, por exemplo, galgou os degraus do poder, a pouco e pouco,
erguendo a adaga para ferir todos quantos se Ihe apresentavam
na condição de adversários, incluindo os seguidores de Jesus,
aos quais perseguiu com impiedade e a alguns assassinou,
consciente que realizava o melhor para a sua raça, a sua
religião e a sua sociedade.
Francisco Bernardone, embora o sentimento de
doçura de que era portador, não trepidou em desfrutar
dos favores da fortuna, e, ambicionando as glórias da cavalaria
duas vezes se candidatou à guerra, perseguindo o triunfo mundano.
Gandhi, através da advocacia, lutara pela conquista da fortuna,
na África do Sul, esforçando-se pela própria realização
humana e social, indiferente ao apartheid, que malsinava
as raças não brancas, humilhando-as e perseguindo-as.
São incontáveis aqueles que anelam pela felicidade e
empenham-se pelo conseguir, utilizando-se dos recursos
exteriores a fim de impor-se.
Se atingem a cumeada que os deslumbra, defrontam o poder e
fruem-no, a glória e gozam-na, a bajulação, e comprazem-se,
não poucas vezes, vitimados pelo tédio, consumidos pelo
esvaziamento dos objetivos.
Conseguido aquilo a que aspiravam, cessam as motivações
para a luta sôfrega, a que se entregavam, agora cansados
embora triunfadores...
Ninguém alcança a realização plena, sem experienciar o auto-encontro.
Nas propostas superiores da vida, a que alguém se entrega,
o combate externo cede lugar à conquista de obstáculos e não
à luta contra eles; à auto-iluminação ao invés da submissão dos outros;
à harmonia dos sentimentos ao invés de sobrepor-se dominante;
à batalha interior para libertar-se das paixões dissolventes,
em detrimento da imposição para a transformação moral das demais pessoas...
A luta íntima é uma constante naquele que se dá conta da imortalidade e
descobriu que a sucessão dos acontecimentos leva, inevitavelmente,
à autoconsciência. Introjetando essa convicção, transforma-a em atos
de enobrecimento, espalhando paz em razão de possuí-las,
tornando-se exemplo digno de ser seguido.
Saulo tornou-se Paulo, o servidor de todos, submetendo-se às
injunções decorrentes da sua aceitação de Jesus. Nada o deteve.
Nunca mais se escusou. Prosseguiu com os olhos postos no futuro
da mensagem e entregou-se em totalidade.
Francisco, renunciou às metas anteriores, depois de ouvir o
chamado e cimentou .a existência com renúncia, abnegação e
devotamento sem igual depois de Jesus.
Gandhi, humilhado, descobriu o ideal de servir,
tornando-se o exemplo da não violência, dedicando-se à libertação
política de centenas de milhões de vidas, sendo imolado pelo ideal do
amor ao próximo...
Muitos outros lutadores em diferentes áreas de serviço,
encontrando a meta enobrecedora, alteraram de forma
definitiva o comportamento e nada mais viram ou fizeram
que os desviassem do caminho, deixando pegadas de
incomparável beleza para os pôsteres.
A luta íntima passa despercebida da multidão que
aplaude e apedreja com a mesma facilidade. Não obstante,
enriquece o combatente, vitalizando-o e libertado-o de todo o mal.
Queridos Amigos,a maior Batalha que existe é a do nosso interio,
pois só nós temos o poder de vencer a nós mesma.