Para muitos, a felicidade consiste em adquirir bens materiais, ter um trabalho bem remunerado e ser reconhecido por seus talentos, ter uma família harmoniosa, ter boa saúde.
A maior felicidade do homem é quando ele enfrenta a si mesmo, reconhece as suas limitações e, num esforço sobre-humano, alcança suas transformações, que possibilitarão enfrentar os desafios externos.
Quando estamos enfrentando um relacionamento difícil é porque estamos nos deparando com algum desafio interno, como por exemplo, a onipotência, os julgamentos, as críticas, a vaidade de querer estar sempre com a razão e assim por diante. E tudo isso nos distancia da felicidade. Só quando encararmos de frente os nossos monstros internos, poderemos nos considerar heróis de verdade e vivenciaremos a esplendorosa felicidade. E todo ser humano é possuidor de recursos naturais (seus próprios talentos e capacidades) para enfrentar os problemas e sair vitorioso da autorrealização. E deve-se reconhecer que os meios são mais valiosos do que o final, pois é através deles que crescemos, é quando dizemos "valeu a pena o sacrifício": o OFÍCIO sagrado que esteve a serviço do EU.
Assim sendo, o nosso trabalho, os nossos relacionamentos, os desafios externos são todos instrumentos para a lapidação da nossa alma, são os meios para obtermos o resultado da autorrealização, e não o resultado em si. As pessoas confundem o meio (trabalho) com o fim (sucesso pessoal).
Às vezes, conseguimos obter o resultado final de ter várias coisas, mas se para isso a alma não foi trabalhada, a pessoa encontra uma insatisfação enorme, não compreendendo porque não é feliz, dizendo: "Tenho tudo que sempre quis, mas não sou feliz". É quando ela confunde o ter com o ser, gerando medo de perder o que conquistou, e se aprisionando aos seus teres. Enquanto a conquista da alma não pode ser roubada por ninguém, nem por nada; nisto consiste a segurança interna, que se traduz em paz, em felicidade.
As pessoas também querem a felicidade de amar e ser amada. Mas o que é o amor?
Somos todos aprendizes do amor. Confundimos amor com posse, com domínio. Achamos que amor é um sentimento desprovido de vontade. Só que amar é um verbo e, como todo verbo, implica uma ação. Se assim não fosse, Jesus não poderia pedir que amássemos uns aos outros. Isso quer dizer que podemos ter atitudes amorosas com qualquer pessoa, basta querer.
Ao compreender que amor não é só sentimento, mas também uma atitude que está disponível a qualquer um, assim como a felicidade está disponível a todos, basta abrir mão de querer coisas apenas (o fim em si), e se empenhar em ser uma pessoa melhor (os meios que nos fazem crescer). Para obter a felicidade, é necessária uma boa dose de sabedoria.
Os ideais e sonhos muitas vezes vão além da sua concretização, servindo como estímulos para continuarmos a caminhada. Se rebaixarmos os nossos ideais a ponto de finalizá-los, poderemos perder o sentido individual da vida, a motivação, a paixão, caindo num estado depressivo e nos distanciando cada vez mais da felicidade. Poder manter acesa a chama dos ideais é estar sempre aberto para a felicidade, para novas conquistas, novos desafios, e tudo isso nos mantém vivos. Um homem sem ideais é um homem morto.
Por Maura de Albanesi
